sexta-feira, 18 de outubro de 2013

9ª Bienal de Dança do Ceará

A 9ª Bienal de Dança

Em 2013 a Bienal Internacional de Dança do Ceará chega a sua 9ª edição. Ao longo de quase duas décadas, o evento vem contribuindo para dinamizar, local e nacionalmente, a difusão da dança cênica em suas múltiplas configurações. Paralelamente, promove um importante diálogo dos artistas da dança cearense com criadores e instituições de outros contextos, fomentando o intercâmbio de experiências, a reflexão, a circulação e a produção de conhecimento na área. 
De 18 de outubro a 6 de novembro, em Fortaleza, Paracuru, Itapipoca, Sobral, Juá, Tabuleiro do Norte, Crato, Juazeiro, por meio de espetáculos, performances, oficinas, palestras e coproduções, entre outras atividades que compõem a programação, a Bienal dá continuidade ao intenso trabalho que vem realizando nos seus 17 anos de existência.Com a programação inteiramente gratuita e contando com a participação de artistas locais, bem como de outros estados e países, a Bienal evidencia distintos modos de fazer dança. Investindo num amplo recorte de propostas representativas da produção contemporânea, apresenta trabalhos do Ceará, Recife, Piauí, Goiás, São Paulo, Rio de Janeiro, Paraná e Porto Alegre, além de obras provenientes de Portugal, Espanha, Alemanha, Bélgica e França.
Nessa edição, uma atenção especial é conferida à criação coreográfica que se configura a partir do diálogo com as danças urbanas. Envolvendo desde artistas internacionalmente consagrados até jovens intérpretes iniciando um percurso autoral, a Bienal apresenta trabalhos que se desdobram na confluência do gestual das múltiplas configurações da dança de rua com a encenação contemporânea. Ao mesmo tempo, promove um debate em torno dessa produção, buscando ampliar a discussão, a percepção e a compreensão acerca das forças que atravessam esse lugar de invenção. Num movimento de inclusão de públicos, de aproximação e de convite à exploração desse entre-lugar, a Bienal faz-se presente em contextos onde pulsam as danças urbanas. É dessa forma que Mondubim, Serrinha e Barra do Ceará passam a integrar o circuito de apresentações e oficinas da programação. 
Com o intuito de ampliar o espectro de suas plateias, a Bienal direciona ações específicas para o público infantil. A “Estação Dança Criança”, iniciada em 2011, promove a apresentação de três obras que, nos mais distintos circuitos de circulação, vem fazendo grande sucesso junto à criançada: Menu de Heróis (PI), Emquanta (SP) e Mistura – a dança das coisas (CE).
No que diz respeito aos convidados internacionais, pela primeira vez em muitos anos temos o privilégio de programar sete artistas totalmente inéditos na Bienal. Nesse grupo de convidados incluem-se criadores-intérpretes de grande maturidade artística e cênica, como Catherine Diverrès (FR) e Fabrice Ramalingon (FR). Regina Advento (ALE-BRA), integrante de longa data do Tanztheather Wuppertal de Pina Bausch, completa esse rol de criadores. Esta, juntamente com Riki von Falken (ALE) e com Marco Goecke (ALE), cuja obra Peekabo é apresentada pela São Paulo Companhia de Dança, configura um pequeno recorte da paisagem coreográfica alemã. Um toque histórico acerca da dança desse país fica por conta da espanhola Olga de Soto (BE-ESP), que mostra uma conferência-espetáculo em torno da obra Mesa Verde, de Kurt Jooss. Sofia Dias e Vítor Roriz (PT) evidenciam o vigor e a singularidade da cena portuguesa enquanto o trabalho de Louise Vanneste (BE) exemplifica a sofisticação da produção belga.
Entre os artistas e companhias nacionais programados para essa edição figuram companhias de grande projeção já conhecidas das plateias cearenses, tais como Grupo de Rua/ Bruno Beltrão (RJ), Quasar Cia de Dança (GO), Staccato | Paulo Caldas (RJ-CE), Balé do Teatro Guaíra (PR) e São Paulo Companhia de Dança (SP). Através destas duas últimas, o público local tem acesso tanto ao trabalhos de artistas consagrados internacionalmente como a obras de coreógrafos brasileiros especialmente criadas para essas companhias. Artistas como Cláudio Lacerda (PE), William Freitas (RS) e Rafael Guarato (MG) apresentam-se pela primeira vez na Bienal, indicando a atenção da Bienal a movimentos que acontecem fora dos grandes centros de produção. 
A cena local se faz presente por meio de criadores experientes, como Valéria Pinheiro, Silvia Moura, Fauller, Gerson Moreno, Héber Stalin e Carlos Santos entre outros. Com seus respectivos grupos e produções, esses artistas brindam tantos as plateias da capital como as do interior, mostrando a força, personalidade e diversidade da cena local. BBoys de vários bairros de Fortaleza, além de jovens criadores da capital e do interior também encontram espaço na programação.
Nessa edição, a Bienal dá continuidade à política de descentralização de ações de formação e difusão que vinha adotando em edições prévias. Para tanto, através do programa Circuladança, promove cursos, residências, coproduções e apresentações cênicas em sete cidades do interior. Estabelece assim distintos trajetos de circulação, que juntos com os diversos palcos da capital, tecem uma ampla rede de “estações” de difusão de dança. Muitas são as atividades e conexões gestadas no contexto dessa teia de palcos e percursos. A coprodução envolvendo a Paracuru Cia de Dança e a companhia belga As Palavras, realizada com o apoio da Bienal, é um exemplo de desdobramento que pode resultar desse entrelaçamento de percursos artísticos. 
No decorrer de sua existência, a Bienal se consolidou também como um lugar de encontros e partilhas. Para além dos palcos e estúdios de dança, a programação paralela do evento inclui uma extensa lista de atividades, de performances e shows musicais a intervenções urbanas, instalações artísticas e festas. São ações que conferem ao evento um caráter efervescente e acolhedor, agregando artistas e público em espaços comuns de celebração da arte e da vida. Em 2013, o Centro Dragão do Mar acolhe grande parte dessa programação: são as Fringes da Bienal no Dragão do Mar, um espaço para aqueles que, após os espetáculos, desejam continuar navegando nas intensidades que atravessam a Bienal. 
Fortalecendo as parcerias que vem realizando nos últimos anos, a Bienal conta nessa edição com o apoio de várias instituições culturais que contribuem de forma decisiva para potencializar o alcance e a efetividade das ações realizadas. Entre estas, destacamos a Secretaria de Cultura de Fortaleza, a Secretaria de Cultura do Ceará, as graduações em dança do Instituto de Cultura e Arte da UFC, a Escola Pública de Dança da Vila das Artes, a Secretaria de Juventude de Fortaleza, os CUCAs, o Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura e o Centro Cultural do Bom Jardim.
A todo o público, desejamos que essa Bienal seja mais uma fantástica oportunidade para apreciar e vivenciar danças que vibram e fazem vibrar os tempos e espaços que habitamos.
A IX Bienal Internacional de Dança do Ceará tem o patrocínio da Petrobras e da Caixa Econômica Federal. Co-Patrocínio: Funarte, Governo Federal, via Ministério da Cultura, e Governo do Estado do Ceará, por meio da Secretaria Estadual da Cultura. Promoção:Prefeitura de Fortaleza, por meio da SECULTFOR, Secretaria da Juventude e Cuca. Apoio Institucional: Wallonie-Bruxelles Internacional, Goethe Institut, Instituto Francês, Vila das Artes, BNB Juazeiro do Norte, Prefeitura do Crato, Prefeitura de Sobral, Theatro São João, Secretaria de Cultura do Paracuru e Grupo O Povo. Parceiros: São Paulo Companhia de Dança, Governo do Estado de São Paulo, Tecnograf Gráfica Editora, Circuito Brasileiro de Festivais Internacional de Dança (Bienal Internacional de Dança do Ceará e Festival Panorama), Dança em Foco, Sesc Senac, Cruz Vermelha do Ceará e Ecocarbon.Realização: Bienal Internacional de Dança do Ceará, Indústria da Dança, ProArte, Quitanda da Artes, Theatro José de Alencar, Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura e Instituto Dragão do Mar.
David Linhares e Ernesto Gadelha

segunda-feira, 22 de julho de 2013

Noite para remomerar um balé centenário


Balé Guaíra volta a se apresentar no Festival de Joinville nesta segunda

Balé Guaíra volta a se apresentar no Festival de Joinville nesta segunda

Companhia do Paraná dança "A Sagração da Primavera" dez anos depois da última participação

Balé Guaíra volta a se apresentar no Festival de Joinville nesta segunda Divulgação/Divulgação
Balé do Teatro Guaíra dança a versão de Olga Roriz de A Sagração da PrimaveraFoto: Divulgação / Divulgação
Se hoje as noites especiais do Festival de Dança são pensadas para serem grandiosas, grande parte da responsabilidade veio do Balé do Teatro Guaíra. A companhia, a principal de Curitiba, se apresentou em Joinville na segunda edição, em 1984. Impressionou o público e deu início à tradição dos grandes espetáculos, como este que o Balé Guaíra traz nesta segunda, em sua terceira participação no Festival. 

:: Confira página especial do Festival de Dança ::
"A Sagração da Primavera" é, provavelmente, a mais remontada por companhias nacionais e internacionais em 2013: há cem anos, a peça estreava sob vaias de choque no Théâtre des Champs Elysées, em Paris. Era vanguarda demais para uma sociedade acostumada há tradição do romantismo. 

No caso do Balé do Teatro Guaíra, o balé estava no repertório da companhia há três décadas, remontada por Carlos Trincheiras. Mas, no ano passado, a diretora Cintia Napoli decidiu convidar a coreógrafa portuguesa Olga Roriz para que trouxesse sua versão — há outras atuais como a de Luis Arrieta e a mais famosa, de Pina Bausch — para o grupo paranaense. 

Os cem anos que separam a obra de Vaslaj Nijinski da remontagem de Olga Roriz transparecem nos movimentos dos bailarinos. Olga confronta a música de Stravinsky — também ela considerada muito contemporânea para a época de sua criação — e ainda transforma dois aspectos do original. No balé que o coreógrafo russo criou, uma virgem é eleita para o sacrifício que trará a primavera, após a morte do inverno. Sofrendo, a jovem dança até morrer. 

Mas, na versão da portuguesa, o ritual será feito sem que pareça um castigo para a escolhida: ela expõe, feliz, toda a sua força e energia. Além disso, o personagem do Sábio que ordena o sacrifício torna-se o protagonista, e é o responsável por abrir o primeiro ato.  

Ter "Les Sylphides" abrindo para "A Sagração da Primavera" é icônico: nesta obra, pela primeira vez, os dançarinos contrariavam as técnicas do clássico e ignoravam a ponta — tão importante em Les Syplhides — para, descalços, golpearem o palco com os pés. Foi assim que ela entrou para a história da dança. E é da mesma forma que retorna, nesta noite, para ser apresentada no palco do Festival. 

Confira uma entrevista com a diretora do Balé do Teatro Guaíra, Cintia Napoli:
Por que trazer a versão de Olga Roriz de "A Sagração da Primavera" para o Guaíra? O que o trabalho dela traz de novo e como isso se identifica com o projeto atual do Balé do Teatro Guaíra?
Já conhecíamos o trabalho de Olga Roriz com “13 Gestos de um Corpo”, obra remontada para o BTG em 1990. Em 2011 trouxemos novamente o “13 Gestos” para o palco e foi nesse reencontro com Olga que soubemos da sua Sagração. O BTG tem muita afinidade com a linguagem desta coreógrafa, seus trabalhos são fortes, viscerais e acredito que seja uma boa parceria. A versão do Trincheiras de 1982 também deixou marcas importantes. Não tem como comparar, cada uma no seu momento e com sua preciosidade estética.
A versão de Olga tem mudanças, como colocar o Sábio como protagonista e transformar a "Eleita" de vítima em privilegiada. Por que fazer estas transformações na remontagem?
É uma leitura da própria coreógrafa, não chega a ser uma mudança no roteiro. Acredito muito que um artista, principalmente um coreógrafo, tenha espaço para sua assinatura, ou seja, uma obra não é engessada, ela tem vida, leituras e releituras. Com todo o respeito que lhe cabe.
Em entrevista no ano passado, Olga disse que a distância entre esta remontagem e a original eram o cem anos que as separavam. A evolução da pesquisa em dança pode ser sentida nesta nova coreografia para quem conhece a peça?
Sim, não só a transformação dos códigos da linguagem da dança como também toda a estética que compõe o espetáculo.
 
Qual é, na sua opinião, a importância de apresentar "A Sagração da Primavera" a uma plateia formada, em grande parte, por estudantes da dança?
A importância em revisitar A Sagração da Primavera encontra-se no seu valor histórico e artístico. Apresentar este espetáculo é uma forma de trazer uma obra centenária para os dias de hoje e uma obra que tem muito para contar, que marcou uma época. É importante conhecer a história, são os pilares de uma boa formação.
 
"Les Sylphides" será apresentada antes de "A Sagração da Primavera", por alunos da Escola Bolshoi. Ela foi apenas uma das três obras apresentadas antes da peça de Nijinsky na estreia, em 1913. Achas que é interessante apresentar "Les Sylphides" antes de "A Sagração" no Festival de Dança?
Sim, sem dúvida, Les Sylphides também faz parte desta mesma história. É emocionante poder “reviver” aquele momento de tamanha força e expressão.
O Balé do Teatro Guaíra esteve em Joinville pela última vez em 2003, com "O Grande Circo Místico", que já havia sido apresentada também nos anos 1980 e marcou época no Festival. O que mudou no projeto do Guaíra nestes dez anos?
O BTG atualmente busca uma arte mais acessível, as particularidades dos corpos de cada bailarino, estão mais evidentes e agora são desejadas e permitidas. Acredito que seja a maior mudança. Este é o caminho da dança na atualidade, são pessoas que dançam e não seres inatingíveis.

sábado, 20 de julho de 2013

sexta-feira, 19 de julho de 2013

Balé Teatro Guaíra leva Sagração da Primavera ao Festival de Joinville

Balé Teatro Guaíra leva Sagração da Primavera ao Festival de Joinville

   A 31ª. edição do Festival de Dança de Joinville acontece de 17 a 27 de julho e reúne personalidades artísticas consagradas e bailarinos de mais de 20 estados brasileiros dos mais variados estilos. E todos os anos traz convidados especiais artistas e companhias internacionais, e em 2013 o Balé Teatro Guaíra está entre eles.

O Balé Teatro Guaíra se apresenta no dia 22 na Noite de Gala da 31ª. edição do Festival de Dança de Joinville celebrando o centenário da “Sagração da Primavera”, cuja versão original apresentada em Paris marcou a história da dança para sempre. O compositor russo Igor Stravinsky chocou o mundo com a obra por romper com todos os padrões da sonoridade estabelecida na época. O balé foi apresentado com coreografia do lendário bailarino russo Nijinsky no Teatro dos Champs-Élysées, em 1913 e causou indignação nos mais conservadores por tratar de um ritual sacro pagão. Na coreografia, velhos sábios sentados em círculo observam a dança mortal de uma adolescente sendo sacrificada ao deus da primavera em troca de boas colheitas.

O Balé do Teatro Guaíra apresenta uma versão coreográfica deste clássico da modernidade, com direção da portuguesa Olga Roriz. A montagem se distancia em dois aspectos do conceito original. “O primeiro é o protagonismo incomum do personagem do Sábio, que ocupa posição relevante nesta versão, e o segundo é o fato da personagem eleita não ser tratada como vítima, no sentido dramático da questão. Ela se sente privilegiada por ser a escolhida e dança sem medo.”, explica Roriz que também assina a coreografia do espetáculo. 

A Sagração da Primavera estreou em Curitiba em junho de 2012 e já foi apresentado em turnê pelas cidades de Apucarana, Maringá, Paranavaí, Loanda e Umuarama e no Festival Internacional de Dança do Recife (PE) e na Bienal Internacional de Dança do Ceará. Os cenários são de Pedro Santiago Cal, que também divide o figurino com Olga Roriz.


Ficha Técnica 
A Sagração da Primavera
Direção e Coreografia: Olga Roriz
Música: Igor Stravinsky
Cenário: Pedro Santiago Cal
Figurino: Olga Roriz e Pedro Santiago Cal
Elenco: Eleita: Alessandra Lange. Sábio: Raphael Ribeiro
Homens e mulheres: Airton Rodrigues / Carlos Matos / Daniel Siqueira / Deborah Chiabiaque / Fábio Valladão / Ian Mickiewicz / Juliana Rodrigues / Juliane Engelhardt / Leandro Vieira / Luciana Voloxki / Mari Paula / Mariel Godoy / Nelson Mello / Patrich Lorenzetti / Patricia Machado / Reinaldo Pereira / Renata Bronze / Simone Bönisch / Soraya Felício. 

Serviço:
A Sagração da Primavera com Balé Teatro Guaíra 
22 de julho às 20 horas.
Local: Centreventos Cau Hansen (Avenida José Vieira, 315 – Centro - Joinville) 
Ingressos: R$ 120,00 (plateia 1), R$ 90,00 (plateia 2), R$ 40,00 (plateia 3); R$ 30,00 (arquibancada 1 ) e R$ 24,00 (arquibancada 2).