Projeto Apoio de Circulação de Dança promovido pelo Secretaria Estado da Cultura
Apresenta Ballet de Londrina em "Decalque"
“Decalque” é decorrência de um processo de pesquisa iniciado pelo Ballet de Londrina em 2006, com o espetáculo “Fale Baixo”, cuja proposta principal é trabalhar novos e diferentes eixos de equilíbrio e apoios para locomoção. Na exploração desse processo, foi na música “Romeu e Julieta”, de Prokofiev, que se identificou a energia do movimento investigado no atual momento. Desta forma, a opção por montar este clássico de Shakespeare não partiu da idéia de contar a já tão conhecida história dos dois amantes de Verona, mas usá-la como substrato para a construção da dança. O motivo principal da criação não foi o tema, mas o movimento.
O processo foi um desafio para o elenco que, tendo corpos solidamente formados na vertical, através de anos de estudo de ballet clássico, teve que construir novos apoios e eixos, fazendo de suas limitações fonte de descoberta de movimentos singulares e até dotados de algum ineditismo. O espetáculo apresenta um roteiro de movimentos que conduz os personagens/bailarinos a transitarem em um plano onde o físico é exigido ao extremo, criando assim o ambiente da obra.
Sobre o drama de Shakespeare, a intenção é apenas fazer aparecer ou surgir lembranças que quase todos têm da já tão conhecida história. Daí usar o título “Decalque”, sem a preocupação com o sentido, muitas vezes, negativo que a palavra pode carregar. Definida pelos dicionários como: ato de copiar; imitação, plágio, a palavra também é apresentada como qualquer imagem que lembre aquela obtida pelo decalque, ou ainda, como fazer aparecer ou surgir, como que reproduzido por decalcomania (processo de transportar desenhos de um papel para outro papel).
Em “Decalque”, mais que a narrativa, o que se explora, são os aspectos universais vividos pelos personagens como a questão do destino, da solidão, da paixão, da proibição, da morte. O público, por vezes, encontrará referências claras ao enredo, mas isso logo é esquecido, ficando aquilo que foi o motivo da criação: o movimento. Não há só um Romeu ou uma Julieta. Os bailarinos se revezam nestes papéis nas mais diversas combinações e fragmentos de cena se reproduzem, como que por decalque, com diferentes bailarinos, em diferentes momentos. Os demais personagens não estão presentes na sua totalidade, havendo apenas algumas aparições, mas sem um compromisso de identificá-los para o público. A idéia é provocar impressões de personagens e situações dramáticas, mais que apresentar personagens ou desenvolver situações literais.
A obra “Romeu e Julieta” já foi explorada por Leonardo Ramos, em dois trabalhos anteriores do Ballet de Londrina: o dueto “...&...”, em 1996, apenas para a música do balcão de Prokofiev, e “ 2 e nada mais”, em 1998, para a música “West Side Story” de Bernstein. No entanto, é em Decalque – cuja música e tema, a princípio, serviriam de simples substrato - que a força e dramaticidade da trilha, da história e da coreografia se apresentam com maior impacto, nitidez e emoção. Resultado tanto do trabalho de pesquisa de movimento, quanto do amadurecimento do elenco e do coreógrafo.
Sobre a música:
A música Romeu e Julieta do compositor russo Sergei Prokofiev , foi composta em 1936, estreou em 30 dezembro de 1938 com o Ballet do Teatro Nacional de Brno, na República Checa. Mas a estréia considerada para seu currículo foi em 1940, pelo Kirov.
O Teatro Kirov de Leningrado queria apresentar um novo ballet de Prokofiev, mas quando, em 34, o autor propôs “Romeu e Julieta” como tema para novo ballet, as autoridades do teatro rejeitaram. Como o próprio Prokofieve explicou depois, o problema estava no final da história, porque, para as autoridades do Kirov “ pessoas vivas podem dançar, as mortas não”. Então, o compositor assinou um contrato com o Teatro Bolshoi, de Moscou, e completou o trabalho em 1935, quando, foi novamente frustrado porque os diretores do Bolshoi consideraram a música “indançável”. Extensivamente revisado, o ballet finalmente estreou em 30 de dezembro de 1938 com o Ballet do Teatro Nacional de Brno, na República Checa, onde obteve uma recepção entusiástica. Somente após este sucesso que o Kirov e Bolshoi montaram o espetáculo em 1940 em 1946 respectivamente.
Romeu e Julieta de Prokofiev é ainda considerado um de seus melhores trabalhos. Mas, por que o compositor russo decidiu criar – seguindo os passos do poema sinfônico de Tchaikovsky, da opera de Daniel Steibelt e a trilha para ballet de Constant Lambert – mais uma obra a partir da popular tragédia de Shakespeare? Como o próprio Prokofiev revela em sua autobiografia, o compositor vinha estando mais e mais atento aos aspectos líricos de sua música e uma trilha baseada no drama Romeu e Julieta permitiria a ela explorar completamente esse elemento lírico. De fato, Prokofiev compôs temas para expressar emoções, para significar a aparição de personagens particulares no palco. Esses temas seriam recorrentes através de toda a trilha, e essa característica unificante da música contribuiu em parte para seu eventual sucesso.
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Serviço:
Apoio de Circulação de Dança promovido pelo Secretaria Estado da Cultura
OUTUBRO
Dia 20 em Londrina no Teatro Ouro Verde
Dia 28 em Itajaí-SC no Teatro Municipal de Itajaí
NOVEMBRO
Dia 09 em Campo Mourão-PR no Teatro Municipal
Dia 10 em Arapongas-PR no Cine-Teatro Mauá
Dia 14 em Apucarana-PR no Cine- Teatro Fênix
Dia 22 em Jacarezinho-PR no Cine-Teatro Iguaçu
Dia 24 em Andirá-PR no Cine-Teatro São Carlos
Dia 26 em Maringá-PR no Teatro Calil Haddad
Dia 27 em Cornélio Procópio-PR no Anfiteato da UFTPR
Todas com entrada franca, exceto Londrina e Itajaí, por fazer parte da programação do Festival de Dança e da 3ª Mostra de Dança Contemporãnea de Itajaí.
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Ficha técnica:
Criação e direção: Leonardo Ramos
Assistente de direção: Ana Maria Aromatario
Música: Sergei Prokofiev
Cenário: Maria Laura
Fotos: Olívia Orquiza, Celso Pacheco, Mario Bourges, Karina Yamada
Confecção de Figurino: Maria Aparecida
Elenco:
Alexandro Micale
Bruna Martins
Carina Corte
Cláudio de Souza
José Maria
Juliana Rodrigues
Luciana Lupi
Marciano Boletti
Viviane Terrenta
Técnicos de Palco: Arthur Limenza e Gustavo Batilano
Produção: Suzana Proença
Realização:
FUNCART / Prefeitura de Londrina
Um comentário:
Olá Juliana,
Estava eu "passeando" pela Internet quando descobri teu blog. Então deixo aqui um link com tua imagem.
http://www.flickr.com/photos/mariobourges/2471771704/
Sucesso,
Mario Bourges
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