quarta-feira, 16 de julho de 2008

Ballet de Londrina se apresenta hoje em Belo Horizonte



Marcello Castilho Avellar - EM Cultura

Leonardo Ramos, diretor do Ballet de Londrina, é maníaco por Romeu e Julieta. A história celebrizada por William Shakespeare já o inspirou em três balés. … & …, criado em 1996, e 2 e nada mais (1998) foram apresentados em BH em outras temporadas. Decalque, trabalho mais recente da companhia, será mostrado hoje à noite, no Grande Teatro do Palácio Artes, trazendo ao público de Minas o novo capítulo da obsessiva paixão do coreógrafo pelo clássico.

Como nas obras anteriores, a primeira influência ocorre na trilha. … & … era dançado ao som da cena do balcão do Romeu e Julieta de Sergei Prokofiev. A música de 2 e nada mais era formada por fragmentos de West Side story, de Leonard Bernstein – musical que transpõe para a Nova York de meados do século passado o drama dos amantes de Shakespeare. Em Decalque, o balé de Prokofiev fornece, novamente, a base musical. Mas a coreografia não pretende contar mais uma vez a história dos amantes, mesmo se de suas imagens podem surgir impressões dela.

É que o Ballet de Londrina embarcou, há dois anos, na viagem que anda obcecando boa parte das companhias brasileiras de dança contemporânea: a investigação do movimento. O grupo, depois de anos criando novas combinações para os elementos da base clássica de seus bailarinos, resolveu radicalizar. Passou as últimas duas temporadas pesquisando eixos de equilíbrio e apoios para locomoção. A escolha do Romeu e Julieta de Prokofiev se deu porque o Ballet de Londrina percebeu afinidades entre ela e seu novo repertório de movimentos. Se levarmos em conta as críticas que o espetáculo vem recebendo em suas apresentações, o grupo, mais uma vez, está no caminho certo.

O Ballet de Londrina tem 15 anos de idade. Ao longo desse período, afirmou-se como experiência incomum no campo das companhias públicas de dança, conseguindo continuidade estética e ideológica apesar das mudanças na política do município paranaense, responsável por boa parte dos recursos que o sustentam. Escapou, também, de muitos dos obstáculos administrativos e trabalhistas que a burocracia do poder público brasileiro costuma colocar diante dos grupos artísticos que mantém. Soma-se a isso um projeto de inserção social, que vai da participação dos bailarinos na educação artística da comunidade a apresentações populares, e é fácil verificar por que o grupo conseguiu, ao longo de sua existência, afirmar-se como via alternativa para a dança longe das grandes metrópoles do país.

BALLET DE LONDRINA
Grande Teatro do Palácio das Artes (Avenida Afonso Pena, 1.537, Centro)
Quarta-feira, 21h. Ingressos a R$ 10 (inteira) e R$ 5 (meia).

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