sábado, 19 de abril de 2008

Diário de Natal - 19/04/2008 Celebração contemporânea







Uma das mais renomadas companhias brasileiras de dança contemporânea celebra quinze anos de vida com uma nova turnê. Se apresenta hoje e amanhã a partir das 20h30 no Teatro

Alberto Maranhão o Ballet de Londrina com o espetáculo Decalque. A companhia é um dos destaques no Festival Danza Nueva que ocorre em Lima, Peru, no mês de junho

Decalque é decorrência de um processo de pesquisa iniciado pelo Ballet em 2006, com o espetáculo Fale Baixo, cuja proposta principal é trabalhar novos e diferentes eixos de equilíbrio e apoios para locomoção. Na exploração desse processo, foi na música Romeu e Julieta, de Prokofiev, que se identificou a energia do movimento investigado no atual momento. ‘‘Desta forma, a opção por montar este clássico de Shakespeare não partiu da idéia de contar a já tão conhecida história dos dois amantes de Verona, mas usá-la como substrato para a construção da dança. O motivo principal da criação não foi o tema, mas o movimento’’, define o coreógrafo Leonardo Ramos.

O processo foi um desafio para o elenco que, tendo corpos solidamente formados na vertical, através de anos de estudo de ballet clássico, teve que construir novos apoios e eixos, fazendo de suas limitações fonte de descoberta de movimentos singulares e até dotados de algum ineditismo. O espetáculo apresenta um roteiro de movimentos que conduz os personagens/bailarinos a transitarem em um plano onde o físico é exigido ao extremo, criando assim o ambiente da obra.

Sobre o drama de Shakespeare, a intenção é apenas fazer aparecer ou surgir lembranças que quase todos têm da já tão conhecida história. Daí usar o título Decalque, sem a preocupação com o sentido, muitas vezes, negativo que a palavra pode carregar.

Em Decalque, mais que a narrativa, o que se explora, são os aspectos universais vividos pelos personagens como a questão do destino, da solidão, da paixão, da proibição, da morte. O público, por vezes, encontrará referências claras ao enredo, mas isso logo é esquecido, ficando aquilo que foi o motivo da criação: o movimento. Não há só um Romeu ou uma Julieta. Os bailarinos se revezam nestes papéis nas mais diversas combinações e fragmentos de cena se reproduzem, como que por decalque, com diferentes bailarinos, em diferentes momentos. Os demais personagens não estão presentes na sua totalidade, havendo apenas algumas aparições, mas sem um compromisso de identificá-los para o público. A idéia é provocar impressões de personagens e situações dramáticas, mais que apresentar personagens ou desenvolver situações literais.

A obra Romeu e Julieta já foi explorada por Leonardo Ramos, em dois trabalhos anteriores do Ballet de Londrina: ‘dueto ...&..., em 1996, apenas para a música do balcão de Prokofiev, e 2 e nada mais, em 1998, para a música West Side Story de Bernstein. No entanto, é em Decalque que a força e dramaticidade da trilha, da história e da coreografia se apresentam com maior impacto, nitidez e emoção. Resultado tanto do trabalho de pesquisa de movimento, quanto do amadurecimento do elenco e do coreógrafo.

A peça ‘‘indançável’’
de Sergei Prokokfiev

A música Romeu e Julieta do compositor russo Sergei Prokofiev , foi composta em 1936, estreou em 30 dezembro de 1938 com o Ballet do Teatro Nacional de Brno, na República Checa. Mas a estréia considerada para seu currículo foi em 1940, pelo Kirov.

O Teatro Kirov de Leningrado queria apresentar um novo ballet de Prokofiev, mas quando, em 34, o autor propôs ôRomeu e Julietaö como tema para novo ballet, as autoridades do teatro rejeitaram. Como o próprio Prokofieve explicou depois, o problema estava no final da história, porque, para as autoridades do Kirov ô pessoas vivas podem dançar, as mortas nãoö. Então, o compositor assinou um contrato com o Teatro Bolshoi, de Moscou, e completou o trabalho em 1935, quando, foi novamente frustrado porque os diretores do Bolshoi consideraram a música ôindançávelö. Extensivamente revisado, o ballet finalmente estreou em 30 de dezembro de 1938 com o Ballet do Teatro Nacional de Brno, na República Checa, onde obteve uma recepção entusiástica. Somente após este sucesso que o Kirov e Bolshoi montaram o espetáculo em 1940 em 1946 respectivamente.

IDecalque
Ballet de Londrina

Datas: Sábado (19) e domingo (20)
Horário: 20h30
Local: Teatro Alberto Maranhão
Ingressos: R$ 20,00 (inteira) e
R$ 10,00 (meia )
à venda na New Kin ( Midway Mall e Praia Shopping)
Informações: 3611-2226 - 3219 - 2226

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